A narrativa de Mário Cláudio, elaborada
sobre os fragmentos de Bernardo Soares,
sobre a biografia ficcional do próprio
semi-heterônimo, e sobre a biografia
real do próprio Fernando Pessoa, adota
uma perspectiva linear, e segue de perto
a evolução do Livro do Desassossego,
para tecer a crônica política, histórica e
social da Lisboa dos anos 30. Entretanto,
tal concepção nada tem de tradicional,
pelo contrário, é a opção consciente de
uma escrita que se quer proveniente da
leitura, seguindo-a de perto e, de perto,
elaborando-a definitivamente outra.
– Maria Theresa Abelha Alves